terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A INDIFERENÇA

h1>A IndiferençaAutor: Ebenézer Anselmo

A indiferença

Como machuca a indiferença das pessoas que amamos ou consideramos. Como dói perceber o desprezo que acompanha uma atitude de indiferença: é como se a pessoa estivesse nos dizendo que não está nem aí por nós. O melhor meio de sentir a força desta palavra é definir o que ela significa. Vejamos o que diz o Aurélio: "desdém, desprezo, desconsideração, apatia, insensibilidade". É a maneira mais sutil e educada de se desprezar alguém.

É muito difícil sentir indiferença quando amamos, respeitamos ou consideramos alguém. Este sentimento só se manifesta quando não nutrimos nenhum sentimento mais nobre pela pessoa, ou seja, quando lidamos com um desconhecido ou por quem nutrimos certa antipatia ou antagonismo. Até mesmo por uma pessoa estranha, que nunca vimos, podemos não ser indiferentes por educação, solidariedade e/ou humanismo.

O Cristianismo, por exemplo, ensina ao homem o exercício do amor, da misericórdia, da bondade, e diz mais: "Qual a vantagem de amarmos os nossos filhos e parentes? Até o mais cruel assassino ama os seus filhos e sua família". Portanto, o desprezo, a indiferença, não tem lugar no coração de um Cristão, de uma pessoa de bem, mesmo quando nos referimos aos desconhecidos.

Saber estabelecer na própria vida bons relacionamentos, preocupar-se com conhecidos e amigos como se fossem mais do que isso, como se fossem irmãos carnais, é atitude adulta e cristã da qual jamais nos arrependeremos. Como ensinou Jesus, somos verdadeiramente irmãos, filhos do mesmo Pai, do mesmo Deus.

Todavia, neste mundo em que vivemos, os interesses de quase todos são estritamente pessoais, egoístas, no qual mais vale o que possuímos do que o que somos. Mais vale as coisas materiais do que as espirituais.

A indiferença se manifesta tão intensamente no dia a dia das pessoas, que provoca atritos, reações negativas de todo o tipo, além de ressentimentos que o tempo custa a apagar. Você pode esquecer uma agressão física ou verbal, uma mentira, uma impontualidade, e até uma traição, mas você não esquecerá jamais um ato de indiferença, um desprezo, principalmente, quando este ato partiu de uma pessoa muito próxima ou amada. A indiferença de alguém que gostamos, admiramos ou amamos nos marca profundamente.

Do mesmo modo a consideração e a solidariedade para com as pessoas, principalmente, por aquelas que desconhecemos ou não temos nenhum parentesco ou vínculo de amizade, não só marca profundamente um relacionamento, como também dá origem às mais sinceras amizades. Cria a mais autêntica consideração, pelo fato de que surge de uma pessoa que não tem a menor obrigação de ser gentil, prestativa ou amiga. Não se trata de um parente, um amigo ou conhecido, mas, de alguém que desconhecemos, e que, por solidariedade humana, educação, ou seja lá por que motivo for, se movimentou e agiu com amor e consideração.

O fator que mais acentua a presença desta deficiência nas pessoas é a falta de amor e a convicção de que, de um modo ou de outro, a pessoa desprezada é inferior e não merece a sua consideração. É mais fraca, ou é mais despreparada, ou é menos inteligente, ou é mais feia, ou menos experiente, ou menos rica e por aí vai. Ou seja, não há um indiferente sequer que não considere a sua vítima inferior a ele, neste ou naquele sentido. Sua capacidade de julgamento é avariada pelo seu próprio egocentrismo, que lhe diz: se sou superior, ele é inferior.

Por tudo isso o indiferente não consegue ver o sofrimento alheio, nem tampouco duvida da sua própria falsa superioridade e nem desconfia da sua falta de solidariedade e nem da sua falta de consideração. No relacionamento com pessoas que considera do seu nível, ou seja, inteligentes ou bonitas, ou preparadas, ou tão ricas como ele, ou tão bem posicionadas socialmente como ele, consegue não ser indiferente e manter um bom relacionamento e fazer amigos.

Mas, os piores de todos os indiferentes são os políticos corruptos, os governantes que pouco se importam com o sofrimento alheio ou com o esfacelamento moral do país. Roubam e assaltam à vontade e ninguém vai para a cadeia, participam de mensalões e mensalinhos, fazem compras de bilhões de Reais sem licitação, usam cartões corporativos com despesas estratosféricas que não se importam em justificar, concedem-se aumentos a si mesmos como se fossem os donos dos cofres públicos e nada fazem para que se dê um fim à incrível corrupção reinante. São indiferentes a todas as mazelas existentes, como se nos dissessem que não têm nada com isso. Esta indiferença política é a mais destruidora e vergonhosa de todas porque é consentida por todo um povo que está mais perdido do que cego em tiroteio.

http://www.artigonal.com/reducao-de-stress-artigos/a-indiferenca-2131478.html

Perfil do Autor

Membro da Academia Evanélica de Letras do Brasil, membro da Sala de Letras Gabriela Mistral de Petrópolis, professor de Motivação Pessoal, articulista político de vários jornais no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Espírito Santo, cronista, escritor e distribuidor de publicações jurídicas. E-mail: ebenezeranselmo@yahoo.com.br

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